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Bombinhas... Um pouco da história!

Bombinhas... Um pouco da história!
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POVOAMENTO

ÍNDIOS: os índios precederam aos colonizadores. Apesar de não ser possível comprovar que os colonizadores os encontraram, a presença destes primeiros habitantes é marcada pela existência de sítios arqueológicos junto às praias, inscrições rupestres, e, ainda, o nome “macucos”, da ilha situada próximo ao Município, tem origem no Tupi e não deixa de ser uma evidência.

COLONIZADORES: no ano de 1527, Sebastião Caboto, a serviço do rei da Espanha, chegou à enseada de Zimbros, dando-lhe o nome de São Sebastião. Nesta ocasião levou quatro nativos brasileiros para a Europa. Entre 1748 e 1756 foram enviados, para cá, cerca de 6.071 pessoas, oriundas das Ilhas dos Açores. Fixando-se em todo o litoral catarinense, trazendo sua cultura popular da qual ainda subsistem as técnicas de pesca, o boi na vara, o carro de boi, a olaria de cerâmica utilitária e decorativa, a renda de bilro, etc.

A chegada do colonizador acarretou uma mudança de costumes e, inclusive, do modo de ocupação das terras em relação aos indígenas. Os sítios arqueológicos existentes situam-se junto às praias, denotando que os índios preferiam morar mais próximos do mar e que possivelmente, viviam da mandioca e da pesca. Os colonizadores, ao contrário, preferiram fixar-se nos morros e dedicaram-se sobretudo, à agricultura.

Os engenhos ( farinha, café, açúcar ), provavelmente foram adaptados pelos açorianos, pois os mesmos já utilizavam, em sua terra natal, engenhos de farinha de trigo. O cultivo da mandioca, acredita-se, ser uma influência indígena.

 

Bombinhas entre os anos 1900 – 1960

A comunidade caracterizava-se pela auto suficiência quase total, pois plantava, pescava, fazia farinha, açúcar, café em pó e escalava o peixe para conservar. Produzia suas roupas e, também, cestos, louças de barro, sabão e óleo ( de peixe) para a iluminação.

MANUFATURAS: as mulheres trabalhavam com o barro, para fabricar utensílios, e com algodão, para fazer tecidos e roupas. Com o barro eram feitos os fornos de torrar café e farinha, panelas, frigideiras e louças em geral. Para fazer os tecidos, possuíam teares e havia algumas que faziam a renda e o crivo. Dentre as atividades especificamente masculinas, destacavam-se a confecção de tipitins, balaios, samburás, etc.
PESCA: a pesca de subsistência era feita semanalmente e a pescaria, com fins comerciais, tinha períodos definidos durante o ano. O peixe era escalado e vendido em arrobas, sendo transportado por embarcações.

 

TRANSFORMAÇÕES NA OCUPAÇÃO

Por volta de 1940, a população passa a descer o morro para morar junto às praias. A agricultura entrou em declínio; muitos jovens membros das famílias de lavradores, já não iam mais à roça preparando-se, a partir dos dez anos, para a pesca. Dessa forma, para a comunidade tradicional, a terra perdeu seu valor. Não lhes interessava ter terras se não trabalhavam nelas; sendo assim começaram a vendê-las por quantias insignificantes.

 

EXTRAÇÃO DE AREIA DAS PRAIAS

A comunidade de Bombinhas reagiu também as retiradas indiscriminadas de areias das Praias de Bombas e Bombinhas (centro) por uma empresa de Blumenau. Segundo os relatos dos moradores locais, as praias de Bombas e de Bombinhas eram de uma areia muito fina composta de cristal e de quartzo. Desde 1918, essa areia era retirada das praias em grandes quantidades para uso na indústria de vidro. As retiradas de areia destas praias causaram transformações topográficas implicando em sérios problemas nas comunidades de pescadores que encontravam cada vez mais dificuldades de usar embarcações netas zonas por causa da criação artificial de dunas e fossas. Na época o vereador sr, Manoel José dos Santos junto a comunidade, protestaram energicamente contra a extração de areia que só após muitos anos cessou completamente.

 

EXTRAÇÃO DE ORQUÍDEAS

Atividade que começou em 1928, mas teve seu auge entre as décadas de 30 e 60. Os primeiros exploradores vinham de Blumenau. As orquídeas eram levadas de lancha para Florianópolis, Blumenau e Joinville. Esta atividade envolveu muitos homens da comunidade, na extração, como diaristas, e, no transporte, fretando seus barcos. As orquídeas eram achadas onde havia mata virgem, sobre as pedras e pelo perfume. As pessoas da comunidade jamais exploravam as orquídeas para fins comerciais, o negócio foi sempre de pessoas de fora.

 

A COMUNIDADE APÓS 1960

Após 1960 as transformações no modo de vida da população acentuaram-se ainda mais. A população desocupou o morro, totalmente, passando ocupar a parte plana; a ela se adicionou uma população flutuante, na temporada de verão. A população foi, aparentemente, beneficiada pela melhoria das estradas de rodagem, pela disponibilidade de transportes coletivos, rede de água e eletricidade. A vinda dos primeiros veranistas prenunciava uma profunda transformação na localidade e uma rápida ocupação, já na década de 70 cresceu assustadoramente o número de casas de praia dos veranistas. Esse afluxo de pessoas fex com que as terras fossem valorizadas, chamando a atenção dos especuladores, principalmente, porque havia muitas sem escritura ou documentos de posse. Porém, nesta etapa, outras atividades vem complementar a renda familiar. Os membros das antigas famílias de agricultores ou velhos pescadores apaosentados, passaram a ser empregados pelos veranistas, durante todo o ano para cuidar de suas casas, fazendo serviços como capinar, limpar e vigiar.

 

HISTÓRICO SOBRE A EMANCIPAÇÃO

Em 1967 Bombinhas passou a ser Distrito de Porto Belo, pela Lei n.º 1062/67, e foi então que surgiram as primeiras idéias sobre a sua Emancipação. Estas ideias apareceram sobretudo porque os cidadãos que moravam no Distrito tinham uma unidade comunitária, ista é, formavam uma comunidade; e também pelo descaso da administração de Porto Belo com os problemas e necessidades locais. Mais tarde, realizaram-se reuniões com os membros da comunidade que criaram um Comitê de Emancipação. Este comitê lançou a campanha para a realização de um plebiscito sobre a emancipação. Em 1991, a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina aprovou uma resolução que autorizava o plebiscito, realizado no dia 15 de março 1992. Mil quatrocentos e cinquenta e quatro cidadãos votaram a favor e setenta e cinco votaram contra a emancipação. Com o resultado do plebiscito, o Distrito se desmembrou de Porto Belo, sendo criado o Município de Bombinhas pela Lei Estadual n.º 8.558, de 30 de março de 1992. o processo de emancipação de Bombinhas é um exemplo de como os cidadãos unidos em torno de um objetivo comum podem fazer valer a sua vontade e alcançar seus objetivos. Fizeram parte da Comissão Emancipacionista: Claudir Carlos Pinheiro, Manoel Marcílio dos Santos, Adauto Saturnino Januário, Iraci Spader, Aldori José de Melo, Leopoldo João Francisco Filho, Jonas da Silveira, Jaime Pedro Estevão, Rafael Luiz Pereira da Silva, Ademir José Gomes, Luiz Eduardo Teixeira, Aristides Manoel Tobias, Claudionor Carlos Pinheiro, Maurino José de Maria, Gil Maffei e Dauri Francisco de Souza.

 

DESENVOLVIMENTO APÓS A EMANCIPAÇÃO

TURISMO: atividade turística é um dos usos da Zona Costeira que mais tem crescido atualmente. Pelas suas belezas naturais e localização privilegiada, o Município de Bombinhas recebe grande assédio de turistas de todo o Brasil.

TURISMO NÁUTICO: as operadoras de mergulho encontraram no Município de Bombinhas, em especial na praia de Bombinhas (centro), um importante local para o seu estabelecimento, uma vez que a região é considerada um dos melhores locais do litoral catarinense para a prática do mergulho, além das escolas de mergulho e dos barcos de passeio, alguns pescadores, com seus botes e bateiras, também levam turistas para passeios por praias e trilhas que conhecem melhor do que ninguém, ajudando, assim, no orçamento familiar.

PROBLEMAS: devido a grande demanda de turistas no verão, surgem diversos problemas, dentre eles destacam-se: a falta de água potável, o comprometimento da qualidade da água do mar e o trânsito de embarcações que impossibilitam a pesca artesanal no setor. Há, também, as filas quilométricas de veículos, entrando e saindo do município, diariamente.

PESCA: a pesca artesanal do camarão, peixes e diversos outros frutos do mar, é a base da economia de muitas famílias estabelecidas, sobretudo, nos bairros de Canto Grande e Zimbros. A pesca de maior tradição é a da tainha em forma de arrastão, que acontece nos meses de junho e julho e movimenta grande parte da comunidade, sendo realizada praticamente em todas as praias do Município.

MARICULTURA: o cultivo de mariscos é atualmente importante fonte de alimento e alternativa de renda para a população das áreas costeiras. Existem em Bombinhas, duas áreas de cultivo, responsáveis pela segunda maior produção de moluscos de Santa Catarina.

 

FESTAS, COSTUMES, TRADIÇÕES E CURIOSIDADES

FESTAS RELIGIOSAS: ainda hoje podemos presenciar em Bombinhas as populares quermesses (festas em homenagem aos santos padroeiros), no centro do Município celebra-se a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, sendo seu ponto alto a procissão por mar, onde os festeiros e toda a comunidade participam. Usa-se decorar as embarcações em homenagem à santa. Celebram também a festa de Sagrado Coração de Jesus.

Nos outros bairros não é diferente. Todos realizam suas quermesses com missa e procissão. Estes acontecimentos persistem há muitos anos, passando de geração à geração.

 

TRADIÇÕES

Existem em Bombinhas algumas tradições, que estão tentando sobreviver ao progresso acelerado. Dentre elas estão:

PAU DE FITAS: o espetáculo da dança do pau de fitas, é uma linda manifestação folclórica. É dançada em pares soltos, independentes ou coletivos e em números de pares múltiplos de quatro (8,12,16...). Há um mestre sala que leva o pau de fitas até o centro do salão e fica ali sustentando-o durante toda a dança. A dança consiste em trançar as fitas e depois desfazer o trançado, ao ritmo da cantoria.

Antigamente, as pessoas iam de casa em casa dançando o pau de fitas. Hoje, ela pode ser apreciada, principalmente, em apresentações nas festas juninas da comunidade.

BOI DEMAMÃO: a manifestação cultural do boi de mamão é um folguedo popularizado em todo litoral catarinense, apresentando variações microrregionais, tanto na coreografia quanto nas figuras que fazem parte da brincadeira, envolvendo música, canto e dança em torno do tema épico “morte e ressurreição do boi”.

Esta tradição vem sendo resgatada lentamente em Bombinhas. Alguns personagens do BOI DE MAMÃO:

O BOI: é a figura central de toda a brincadeira por ser o animal de maior valor regional. É fundamental nas lidas diárias, no transporte e na movimentação do engenho.
A CABRA: animal muito útil na comunidade litorânea, por ser facilmente criado em qualquer terreno. Fornecia leite e carne à população.
O CAVALINHO: é a homenagem ao bom laçador, o vaqueiro que percorria as paragens litorâneas conduzindo tropas de gado.
O URUBU: importante na higienização das comunidades, estando sempre presente para devorar os restos dos peixes e animais que eram abatidos ou que morriam. Na brincadeira, ao se aproximar do boi, indica o perigo de morte do animal.
O CACHORRO: animal amigo, fiel e de guarda que procura velar pela defesa da propriedade de seu dono.
A BERNÚNCIA: animal com corpo de dragão chinês, de boca grande e móvel; representa a figura do bicho-papão. Assim, procura, na brincadeira, engolir as criancinhas que ficam assustadas. No norte de Santa Catarina recebe a denominação de barão.
O URSO: animal estranho ao meio açoriano, representa exatamente a figura do indivíduo desleal, que nunca é bem vindo.

TERNO DE REIS: os ternos de reis compõem-se de grupos com 3 cantadores, acompanhados ou não de instrumentos de música, aos quais se juntam outros curiosos e participantes. É através de cantorias que anunciam o nascimento de Jesus e visitam as casas.
A festa dos Santos Reis se comemora no dia 06 de janeiro, e para isso os ternos de reis se organizam e se apresentam no período que vai do Natal ao Domingo de Epifania.

“Porta aberta luz acesa
É sinal de alegria
Mande entrar os Santos Reis
Com sua nobre família”.

Em Bombinhas não era diferente. Reuniam-se e o terno de reis estava pronto para sair com suas cantorias visitando as casas. Sempre recebiam como agradecimento pela visita, bebidas típicas como a concertada e licores de fabricação caseira, além dos quitutes feitos pela dona da casa. Era cantado nas festas de fim de ano. Hoje, ainda pode-se encontrar essa cantoria, só que muito raramente.

BOI DE CAMPO: ao longo do litoral catarinense tem-se conhecimento da prática de brincadeiras em que o boi é a figura principal, desde Balneário Gaivota até Itapoá, mostrando existir uma relação de respeito e admiração por este importante animal, que tanto era utilizado como força de trabalho e alimentação.

Os antigos moradores das cidades litorâneas de Santa Catarina a chamavam de “brincadeira de boi bravo”, “boi de campo” ou “boi na vara”. Nos últimos trinta anos tornou-se conhecida por “farra do boi”.
O boi, antes de ser abatido, era brincado na vara ou solto em pastos, provocando correrias generalizadas.

A brincadeira do boi de campo vem sendo praticada, de geração em geração há pelo menos 230 anos.

Aqui em Bombinhas, contavam os mais velhos, que antigamente vinham tropas de bois, onde os homens (geralmente os mais idosos, devido à sua experiência), escolhiam um e soltavam para brincar durante a Semana Santa. Eles se emaranhavam pelo mato atrás do animal, afim de “enticar” com o bicho para que este os enfrentasse. É uma brincadeira que divertia homens, mulheres, crianças e até pessoas idosas. Atualmente a brincadeira com o boi está legalmente proibida de acontecer.

INTRUDO: era feito no carnaval, costumavam molhar as pessoas que passavam nas ruas. Moças e rapazes faziam um limão de cera com água dentro e jogavam uns nos outros, ou então, com um bambu e uma rolha na ponta pegavam um palito para fazer pressão e espirrava água do outro lado (como uma seringa). Hoje já não acontece mais essa brincadeira.

CORDÃO DE CARNAVAL NA PRAIA: surgiu por volta de 1950, onde as pessoas da comunidade que é praticamente praieira, descobriram um modo bastante divertido de brincar o carnaval, em seu seu local preferido, a praia, é claro. Sendo assim as moças aprontavam suas fantasias carnavalescas e todas saiam, pela praia, para desfilar e brincar o carnaval, chegando a formar blocos. O Rei Momo ia na frente puxando o pessoal. Hoje já não temos o mesmo cordão de carnaval pela praia, porém, Bombinhas já apresenta há vários anos, nesta data, o desfile de duas escolas de samba: a Furiosa e a Unidos da Vila do Sapo, ambas formadas por pessoas de outras cidades, com casas no Município, e também, por moradores nativos.

FESTAS JUNINAS: tradicionalmente realizadas no mês de junho, homenageando os Santos Antônio, João, e Pedro. As Festas Juninas só tem importância em Santa Catarina, nas comunidades de origem açoriana. Aqui, em Bombinhas, as Festas Juninas são geralmente realizadas pela rede de ensino, como característica didático cultural, mas principalmente, como forma de arrecadar fundos. As principais atrações das festas juninas são a dança da quadrilha, o casamento caipira e a dança do pau de fitas.

PÃO POR DEUS: praticado pelos descendentes de açorianos como uma brincadeira popular, o Pão Por Deus era uma prova de amizade e de amor em que se pedia uma prenda, presente, casamento, namoro, etc. Era costume, também em Bombinhas. As pessoas faziam um coração de papel; este era enviado com um presente e a pessoa que mandou recebia outro em troca. Ou, então, fazia-se um bolo em forma de coração o qual confeitavam e mandavam com um versinhos solicitando um presente, sendo este gentilmente correspondido.

Eis um dos versos típicos que eram enviados:

“LÁ VAI MEU CORAÇÃO
COM UM PASSARINHO PRETO E BRANCO
SE NÃO TIVER OUTRA COISA
ME MANDA UM PAR DE TAMANCO”.

PASQUIM: a literatura popular do descendente de açoriano catarinense é de grande beleza e criatividade. O pasquim foi, e ainda é, um dos meios de comunicação apócrifos, “sem autor confesso”, que proporciona às comunidades uma forma de comunicação escrita espontânea. Estes manuscritos, sempre em forma de versos, eram achados aqui em Bombinhas da mesma maneira que em outras localidades, ou seja, postos debaixo de portas ou colocados em locais públicos (bares, vendas), sempre que um assunto “fofoca” envolvesse alguém da comunidade. Os boatos e as gozações se espalhavam rapidamente sem que se identificassem as fontes dos mesmos, para desespero dos envolvidos, pois não sabiam se seriam elogiados ou mal falados.

“EM UMA TARDE SOMBRIA
PARECE QUE VAI CHOVER
RESOLVI PENSAR UM POUCO
E COMEÇAR ESCREVER
PRESTE MUITA ATENÇÃO
EM TUDO QUE VOU DIZER

A FULANA É GENTE BOA
É AMIGA DE VERDADE
GOSTO DELA E NÃO NEGO
É DE MUITA SINCERIDADE
PEÇO A DEUS SEMPRE CONSERVE
ESTA NOSSA AMIZADE

JÁ CONHECI MUITA GENTE
QUE É CHEIA DE LERO LERO
DESTE TIPO DE PESSOA
SINCERIDADE NÃO ESPERO
PODE SER AMIGA DE OUTROS
ESTA AMIZADE NÃO QUERO.

 

NOMES CURIOSOS

PEDRA DESCANSA DEFUNTO: encontra-se no alto do morro na divisa entre Bombinhas e Porto Belo, antes da abertura da estrada atual era o ponto mais alto do antigo caminho. Quando ocorria algum falecimento em Bombinhas (na época distrito de Porto Belo) o corpo do falecido era levado para o único cemitério, que era o da Igreja Matriz de Porto Belo, e os carregadores geralmente colocavam o caixão encima da pedra para tomar fôlego, antes de iniciar a descida. Segundo povo, o local é mal assombrado, à meia noite, as vezes ouve-se o canto de uma coruja, o choro de uma criancinha, aparece um feixe de luz e barulho de latas. Os mais velhos evitavam passar por lá, neste horário.

DUAS IRMÃS: são duas pedras praticamente idênticas, localizadas na praia da sepultura. Acredita-se que foram usadas pelos indígenas que por aqui viviam como pontos de referência astronômica ou marítima.

TOCA DO CABO: existem dois abrigos naturais que levam este nome. Um encontra-se no morro, à direita da praia de Fora (Quatro Ilhas), e o outro, na praia da Sepultura. Contam os mais antigos que ficou escondido durante vários anos um cabo do exército que lutou na Guerra do Paraguai e fugiu dos horrores desta guerra, escondendo-se nestas tocas.

GRUTA DO MONGE: segundo dizem apareceu na Ilha do Arvoredo um homem que trajava roupas rudes e escuras, pensavam que ele era um monge. Este homem abrigou-se em uma gruta existente na Ilha e lá viveu por muito tempo, até que, um dia, desapareceu da mesma forma que chegou, sem deixar vestígios. Deixou as pessoas impressionadas achando que ele fosse algum santo ou mesmo um bruxo. Hoje ainda existe a gruta que, devido ao ocorrido, ficou conhecida como Gruta do Monge.

PRAIA DE BOMBINHAS: existem algumas versões para o nome de Bombinhas, uma delas seria que o barulho provocado pelo bater das ondas lembra o estouro de uma pequena bomba; e, a outra seria de que, ao caminhar sobre a areia da praia o som produzido parecia o de pequenas bombinhas estalando.

PRAIA DE BOMBAS: vem praticamente da mesma versão que a de Bombinhas, porém, por ser mais extensa o som produzido pelo bater de suas ondas é mais forte, lembrando o estouro de uma bomba maior.

PRAIA DE MARISCAL: devido a existência de um grande número do molusco popularmente denominado de marisco o qual era encontrado em abundância nas pedras que limitam esta praia.

PRAIA DE ZIMBROS: nome dado pelos primeiros açorianos que exploraram a região e que encontraram aqui esta planta da família das Pináceas, um arbusto que apresenta frutos aromáticos e medicinais. Das bagas de zimbros é feita a bebida alcoólica conhecida por genebra.

PRAIA DOS INGLESES OU RETIRO DOS PADRES: na metade do século XIX um navio inglês ficou avariado no local. Muita gente foi lá para ver o navio e seus tripulantes, pois nunca fora visto um inglês autêntico. Em 1967, a praia foi adquirida pela igreja católica, para ali ser construída uma casa de retiro; daí também o nome de Retiro dos Padres.

PRAIA DE QUATRO ILHAS: conhecida entre os nativos também como Praia de Fora, devido as suas características, ou para os demais, como Quatro Ilhas, por avistar-se, da praia, as quatro ilhas do litoral.

ILHA DO ARVOREDO: devido a ilha ser coberta por espessa e alta vegetação em muitos trechos verdadeiras florestas seculares, com madeiras de lei.

ILHA DA GALÉ: nome originário da observação do contorno geral visto de uma certa parte do mar, assemelhando-se vagamente ao casco de uma dessas antigas embarcações.

ILHA DO MACUCO: nome de origem indígena. É uma ave da família dos Tinamídeos, do porte de uma galinha grande.

ILHA DESERTA: leva este nome por apresentar um superfície cinzenta, sem muita vegetação expressiva, rochosa e desabitada..

PRAIA DA SEPULTURA: já se chamou praia da Baixada, por causa da sua característica local. Em 1840 o major José da Silva Mafra mandou erguer duas taipas para cercar uma criação de porcos, ocasião na qual houve um sério desentendimento entre dois escravos, resultando na morte de um deles, que foi enterrado ali mesmo. Desde então passaram a chamá-la de Praia da Sepultura.

 

CRENÇAS E LENDAS

A CRUZ DA PRAIA DE FORA: dizem ter sido encontrada por dois homens que estavam na praia, teriam ficado tão impressionados que resolveram fincá-la bem no local onde a haviam achado. Contam que depois disso houve naquela praia um lance de tainhas jamais visto antes. Então, moradores e pescadores atribuíram a boa sorte ao fato de terem fincado a cruz. Desde então, todos os anos, no dia 03 de maio (hoje mais raramente), algumas pessoas, principalmente os que pescam tainha naquela praia, adornam, a cruz, com flores e fazem pequenas preces para que haja fartura como antes durante a pesca da tainha, cujo início ocorre mais ou menos, por esta época. Esta cruz encontra-se em Quatro Ilhas (Praia de Fora, como muitos nativos ainda a chamam), hoje ela é de concreto, pois a original era de madeira e, com o passar do tempo, se deteriorou.

A BELA MOÇA: dona Erondina (popularmente chamada de dona Aronda) conta que quando era moça, ela e uma amiga chamada Brígida, foram buscar água na cachoeira e lá chegando se depararam com um “encante” (visagem), como costumavam falar. O tal encante ou encanto, como preferirem, era uma linda moça que trazia em suas mãos uma flor de beleza espantosa. Dona Aronda curiosa queria ir pegar a flor mas sua amiga Brígida, com medo, lembrou-a tratar-se de um encante e que de acordo com os antigos, se alguém pegasse ou tocasse a flor nas mãos da moça esta tomaria o lugar de quem a tocou. Sendo assim, as duas foram embora deixando o tal encante para trás.

A MISTERIOSA LUZ DA CAPELA: dizem que sempre que terminavam de rezar as novenas na igrejinha do morro do cemitério, quando todos já haviam descido olhavam para cima e viam uma luz misteriosa na janelinha da capela. Nunca ninguém descobriu o que era mas muitos achavam tratar-se de um tesouro enterrado naquele local.

BRUXAS: as pessoas que dizem tê-las visto afirmam que elas ao serem avistadas transformam-se em passarinho, borboleta, etc. Era costume protegerem as crianças pequenas fazendo remédios à base de alho, colocando tesouras abertas embaixo dos seus travesseiros (principalmente das crianças que não eram batizadas). Antes, quando uma criança recém nascida, ainda não era batizada, e que começava a emagrecer e ir definhado até a sua morte, as pessoas acreditavam ser doença de bruxa e se os pais da criança falecida colocassem o caixão atravessado na porta de casa, a primeira mulher que chegasse e perguntasse algo, seria a bruxa para levar a vida da criança e assim, se manter eternamente jovem.

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Acervo Bibliográfico: Biblioteca Pública Cruz e Sousa
Pesquisa: Deise Cristina de Melo de Souza – Aux. de Biblioteca

FONTES DE REFERÊNCIAS:

LIVRO: Porto Belo Sua História Sua Gente
AUTOR: Kohl, Dieter Hnas Bruno

LIVRO: Construindo o Desenvolvimento Sustentável Para o Mun. De Bombinhas.
AUTOR: Polette, Marcus e Cavedon, Fernanda

MONOGRAFIA: Evolução e Ocupação da Península de Zimbros
AUTOR: Mendonça, Magali

LIVRO: Dos Açores ao Brasil Meridional uma Viagem no Tempo
AUTOR: Farias, Vilson Francisco de

LIVRO: Ensaios Críticos de Sociologia e Meio Ambiente
AUTOR: De Luca, Francisco Javier

Fonte: Biblioteca Pública Cruz e Sousa - Deise Cristina de Melo de Souza